“Nuestro objetivo final es nada menos que lograr la integración del cine latinoamericano. Así de simple, y así de desmesurado”.
Gabriel García Márquez
Presidente (1927-2014)

ENTREVISTA


  • Anna Mulayert habla de su documental Alvorada y la guerra contra el arte y la cultura en Brasil

    En 2016, cuando tenía lugar el proceso de impeachment contra Dilma Rousseff, las cineastas brasileñas Anna Mulayert y Lo Politi decidieron registrar el proceso con una visión intimista, filmando en la residencia presidencial de la entonces mandataria. El resultado fue el documental “Alvorada”, cuyo estreno comercial está previsto para el mes de mayo en el país suramericano. “Alvorada” habla sobre como transcurrió el tiempo del proceso dentro de la residencia, y muestra la reacción de ella como presidenta.

    Al comentar el hecho de que se han realizado otros filmes sobre ese episodio histórico, tales  como Democracia em Vertigem, la cineasta apuntó: “ Me parece importante que se ofrezcan miradas diferentes sobre un mismo suceso (…) no es coincidencia que hayan sido mujeres directoras las que sintieron la urgencia de realizar filmes sobre el proceso de Dilma , porque es evidente la misoginia y el aspecto machista de roda la campaña contra Dilma.”

    Preocupada por los protocolos sanitarios que encarecen las filmaciones y no garantizan un ambiente 100 por ciento seguro, - y con los recortes al sector audiovisual, Mulayert declaró en entrevista a la Deutsche Welle Brasil: “Se está llevando a cabo una guerra contra el arte y la cultura en Brasil”.

    * Resúmen elaborado y traducido por Fidel Jesús Quirós
    Há uma guerra à arte e à cultura no Brasil", diz Anna Mulayert
    Para cineasta, cinema brasileiro enfrenta pior momento em 20 anos, em meio à pandemia e ao esvaziamento de políticas culturais sob Bolsonaro. Em entrevista, ela aborda também seu novo filme, sobre o impeachment de Dilma.
    Em 2016, enquanto ocorria o processo de impeachment de Dilma Rousseff, as cineastas Anna Muylaert e Lô Politi decidiram registrar o momento com uma visão intimista, filmada no palácio residencial da então presidente do Brasil. O resultado é o filme Alvorada, com lançamento comercial previsto para maio.

    "Alvorada fala sobre como esse tempo [do processo] passou dentro da residência da presidente, e mostra a reação dela, a reação da presidente", resume Muylaert, comentando o fato de que foram feitos também outros filmes, com outros olhares, sobre essa episódio histórico, como Democracia em Vertigem, de Petra Costa. "Acho importante vários olhares sobre o mesmo evento."

    "Não é coincidência que as mulheres diretoras tenham tido a urgência de fazer os filmes sobre o impeachment de Dilma, porque é evidente a violência e o aspecto machista e misógino da campanha toda contra Dilma", comenta Muylaert, diretora de Que horas ela volta?, longa de 2015 premiado no Festival de Berlim e de Sundance.

    No momento em que o setor audiovisual enfrenta uma crise histórica, seja pelo esvaziamento de políticas culturais, seja pela situação decorrente da pandemia de covid-19, Muylaert fará a palestra de abertura de um circuito virtual para debater o assunto. Cinema Brasileiro - Uma Reflexão Sobre o Contemporâneo começa nesta terça-feira (27/04) e vai até novembro. A inciativa é da Brazucah Produções, em parceria com o Centro Paula Souza.

    Muylaert preocupa-se com como os protocolos sanitários encarecem as gravações atuais — e mesmo assim não garantem um ambiente 100% seguro — e com os cortes para o setor, sem poupar o governo federal de suas críticas. "Está havendo uma guerra à arte e à cultura", afirma em entrevista à DW Brasil.

    DW Brasil: Alvorada não é o primeiro filme que narra o impeachment de Dilma Rousseff. Em termos de documentação da história recente do Brasil, qual a importância dessa multiplicidade de olhares?

    Anna Muylaert: Acho importante vários olhares sobre o mesmo evento, que é o impeachment, porque cada um deles mostra um aspecto. O filme da Petra [Costa, Democracia em Vertigem, lançado em 2019] fala sobre todo o processo democrático ou não democrático do Brasil nos últimos 30 anos. O filme da Guta [Maria Augusta Ramos, O Processo, de 2018] fala sobre o processo burocrático do impeachment dentro do Congresso. Alvorada fala sobre como esse tempo passou dentro da residência da presidente, e mostra a reação dela, a reação da presidente. Acho que assistindo aos três, a pessoa tem uma visão global do evento.

    Coincidência ou não, os outros dois filmes que você citou também foram dirigidos por cineastas mulheres. Considerando que Dilma foi a primeira mulher presidente do Brasil e também que, ao longo de todo o ciclo de manifestações contra o seu governo, houve muitos ataques machistas e misóginos, você considera ser relevante também a questão de gênero ao contar essa parte da história do país?

    Não é coincidência que as mulheres diretoras tenham tido a urgência de fazer os filmes sobre o impeachment da Dilma, porque é evidente a violência e o aspecto machista e misógino da campanha toda contra Dilma. Vale lembrar que o [então] deputado que falou a maior violência [no dia da votação], que homenageou um torturador [o coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015)], o torturador da própria Dilma na juventude, esse homem acabou virando o presidente do Brasil… Quer dizer: o aspecto de violência contra a mulher está muito embutido nesse impeachment, então é natural que diretoras mulheres tenham tido essa urgência de fazer esses filmes.

    Nesta terça (27/04), você abre um circuito virtual de palestras sobre o cinema brasileiro contemporâneo. Como cineasta, como você avalia o atual momento do setor?

    Estamos numa fase difícil para o fazer artístico, tanto por causa do desestímulo do governo federal, que fechou o Ministério da Cultura [transformado em uma secretária], paralisando a Ancine [Agência Nacional do Cinema, hoje vinculada ao Ministério da Cidadania], a Cinemateca… […] Está havendo uma guerra à arte e à cultura. É um momento terrível, similar ao que eu vivi no momento Collor [Fernando Collor, ex-presidente], quando ele fechou a Embrafilme. É o pior momento dos últimos 20 anos, não há dinheiro para o setor, estamos sendo desprestigiados.

    O quanto a postura e os discursos do governo federal, com suas suposições de que exista um marxismo cultural, dificultam ainda mais esse cenário?

    É evidente que ele [o presidente Jair Bolsonaro] não gosta de cultura. Ele relacionada tudo o que há de ruim na cabeça dele ao comunismo e está cortando o que ele pode cortar, o que está ao alcance dele para destruir, ele está destruindo. Isso é muito ruim para o setor. Mas, enfim, vem uma eleição nova aí [em 2022] e espero que seja eleito um candidato que tenha condições de reconstruir o que já estava construído em um período curto de tempo.

    E a pandemia? Quanto tempo vai levar para o setor se recuperar?

    Sim, além disso há a questão da pandemia, ninguém pode sair de casa, né? Mas eu sinto que há uma tensão muito grande na sociedade e talvez a arte seja a melhor forma de expurgar esse momento, já que o Congresso não está tomando nenhuma ação para parar essa desorganização, esse descontrole ao qual estamos sendo submetidos [… ]

    A pandemia está sendo muito negativa para o setor cinematográfico, está muito caro filmar dentro dos protocolos e, mesmo assim, a segurança não é total. A Ancine está paralisada, e as pessoas não podem sair de casa. É um momento terrível para o cinema.

    Quanto tempo vai demorar para se recuperar? Vai depender também das eleições, porque a política pública está indo contra o setor também. Conforme haja vacinação e diminuição do contágio, a gente volta a filmar. As pessoas estão todas com seus projetos, aqueles que ainda têm dinheiro estão prontos para filmar. Mas quem está querendo começar um projeto nesse momento… não sei quanto tempo vai demorar.

    (Fuente: Amp.dw.com)


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