Es difícil no percibir el movimiento que tiene lugar en el cine brasileño actual. Después de una realidad de abandono y privación, un número elevado de producciones nacionales están logrando llegar a las pantallas. Es cierto que la permanencia de los filmes en cartelera es todavía precaria y que muchos títulos terminan olvidados, pero el momento actual es un comienzo significativo.
Fuera del tradicional eje cinematográfico Rio-São Paulo, los filmes más osados, creativos y de gran potencial provienen, hoy en día, de una región bien específica. Esa región es el Nordeste brasileño. Cineastas como Marcelo Gomes, Cláudio Assis, Karim Aïnouz, Paulo Caldas, Kleber Mendonça Filho, Lírio Ferreira y el propio Hilton Lacerda sobresalen con producciones que traen el cine en su alma y hacen de su regionalismo, la gran diferencia.
En este panorama, Recife parece funcionar como la gran capital creativa, que convierte al arte en su principal arma de protesta. Filmes como A Febre do Rato y el muy sonado O Som ao Redor, por ejemplo, triunfaron en Brasil por la osadía con que enfrentaron la realidad del país. Sin amarras o pudores, todo es representado en pantalla con detalles poéticos y visuales los cuales distinguen a estos filmes, y le otorgan más fuerza a sus discursos.
Tatuagem es otro ejemplo de ese cine que grita (o canta) aquello de lo que quiere hablar, sin, ni por un solo momento, distanciarse de su condición de arte en su estado más esencial e impresionante.
La historia tiene lugar en los años 70. Brasil vive una realidad contradictoria: la dictadura militar se ha instalado en el poder, pero la sociedad vive los ecos de la revolución sexual y de los nuevos modelos de convivencia familiar. Es en ese contexto que un grupo teatral alternativo, independiente y un poco chapucero, monta un nuevo espectáculo. Creativa e independiente, la nueva tropa teatral no vacila en criticar la realidad política que atraviesa el país.
El filme de Hilton Lacerda se divide entre los espectáculos del grupo y la vida sentimental y cotidiana de sus integrantes. Contando con las actuaciones memorables de Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa y Rodrigo García, lo que se ve en pantalla dialoga tan bien con el público que da la sensación de que todos en la sala son espectadores habituales del grupo Chão de Estrelas.
Temas como la pasión, la censura, la homosexualidad, el militarismo, la educación de los hijos y las nuevas estructuras sociales se mezclan con gran naturalidad con los números musicales y teatrales que se representan.
Interesante en todos sus aspectos, Tatuagem solo pierde puntos por la mala distribución de sus momentos. Hay algunas escenas demasiado largas, otras desligadas del interés del espectador, como si lo que este quisiera ver fuera algo diferente a lo que director le dedica el foco de atención. Fallas en el desarrollo de los personajes, que van perdiendo espacio a medida que la trama va ganando cuerpo, también molestan un poco.
Pero nada de lo que el filme no se recupere con facilidad, contando con la complicidad de los espectadores que acompañan la proyección. Una excelente historia y retrato de la democracia ausente, que no existía en aquella época y que todavía hoy no existe verdaderamente.
Difícil não perceber o movimento que acontece hoje no cinema nacional. Depois de uma realidade de abandono e privação, um número elevado de produções conseguem chegar às telonas. É verdade que a manutenção dos filmes em cartaz ainda é precária e que muitos títulos ainda ficam esquecidos, mas é um começo importante. E já trouxe com ele uma maior qualidade.
Fugindo da tradição do eixo Rio-São Paulo, de uma região específica saem hoje os filmes mais ousados, inventivos e de grande potencial. Esta região é o Nordeste. Cineastas como Marcelo Gomes, Cláudio Assis, Karim Aïnouz, Paulo Caldas, Kleber Mendonça Filho, Lírio Ferreira e o próprio Hilton Lacerda se destacam com produções que trazem o cinema em sua alma e fazem de seu regionalismo um grande diferencial.
O Recife, nesta realidade, parece funcionar como uma grande capital criativa, que faz da arte seu principal meio de contestação. Filmes como A Febre do Rato e o badalado O Som ao Redor, por exemplo, ganham o Brasil pela ousadia com que encaram a realidade do país. Sem amarras, ou pudores, tudo vai parar nas telas com detalhes poéticos e visuais que fazem toda a diferença, dando ainda mais força ao discurso.
Tatuagem é mais um exemplo desse cinema que sai gritando (ou cantando) aquilo que quer dizer sem, nem por um momento, se distanciar da arte em seu estado mais bruto e impressionante.
A história se passa nos anos 70. O Brasil vive uma realidade contraditória: a ditadura militar está instalada, mas a sociedade vive o eco da revolução sexual e dos novos modelos familiares. É nesse contexto que um grupo teatral alternativo, independente e meio mambembe monta um novo espetáculo. Criativa e liberada, a nova trupe não se importa em criticar a realidade política pela qual o país passa.
O filme de Hilton Lacerda se divide entre os espetáculos do grupo e a vida sentimental e o cotidiano de seus integrantes. Contando com atuações memoráveis de Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa e Rodrigo García, aquilo que se vê na telona dialoga tão bem com o público que a sensação é a de que todos na sala já são frequentadores do Chão de Estrelas há muito tempo.
Temas como paixão, censura, homossexualidade, militarismo, educação dos filhos e novas estruturas sociais se misturam com muita naturalidade aos números musicais e teatrais apresentados.
Interessante em todos os aspectos, Tatuagem só perde pontos pela má distribuição de seus momentos. Há algumas cenas longas demais e outras deslocadas do interesse do espectador, como se o que se quisesse ver fosse diferente do foco de atenção que o diretor resolve dar. Falhas no desenvolvimento dos personagens, que vão perdendo espaço a medida que a trama vai ganhando corpo, também incomodam um pouco.
Mas nada que não se recupere com alguma facilidade e muito envolvimento daqueles que acompanham a sessão. Uma excelente história e um retrato de uma democracia ausente, que não existia naquela época e ainda não existe de verdade.