“Nuestro objetivo final es nada menos que lograr la integración del cine latinoamericano. Así de simple, y así de desmesurado”.
Gabriel García Márquez
Presidente (1927-2014)

CRITICA


  • Por Onde Anda Makunaíma?, un retrato de la cultura modernista
    Por Bruno Carmelo

    La crítica suele cuestionar los filmes documentales, sobre todo aquellos de vertiente historicista, por su alternancia protocolar entre testimonios e imágenes de archivo. Y se cuestiona si no habría una manera más creativa de explorar el lenguaje. Solo, para escuchar como respuesta, en general, que los documentales son precisamente eso. Ellos se enfocan en el tema y las entrevistas. Pero,  cómo podrían ser diferentes. "Por Onde Anda Makunaíma?" (2020) contribuye a profundizar debates de este tipo. Su director, Rodrigo Séllos, también desempeña el rol de editor, en un proyecto cuyo vigor proviene fundamentalmente del montaje. El autor trabaja con entrevistas e imágenes de archivo, pero también con intersticios poéticos, fusión de sonidos e imágenes no reincidentes, construcciones metafóricas, escenas espontáneas (momentos como en los que un participante sugiere una entrevista con un tercero) o escenas controladas (la invitación para Paulo José y Joana Fomm a reasistir a Macunaíma, 1969, de Joaquim Pedro de Andrade, delante de las cámaras). Los recursos se retroalimentan de modo vertiginoso y antropofágico, en consonancia con la obra de Mário de Andrade.

    La narrativa sorprende porque nunca  agota sus propuestas ni sus estéticas. De principio a fin, son introducidos nuevos elementos de comunicación entre Makunaíma, mito original de las comunidades Makuxi de Roraima, y Macunaíma, personaje literario e ícono de una nación colonizada. Las fotos impresas son sobrepuestas a paisajes en movimiento, durante un paseo en barco; las imágenes del filme y de la pieza de teatro se transforman en una composición calidoscópica. (...) Se nota la disposición juvenil de reinventarse, de resignificar y contradecirse, como corresponde a un retrato de la cultura modernista. Además, Séllos demuestra preocupación por el ritmo, equilibrando las conversaciones y las escenas de contemplación silenciosa de la naturaleza. Cuando las entrevistas siguen un distanciamento impersonal, el director revela su presencia en escena, haciendo preguntas a los personajes. El espectador es provocado por estímulos tan coherentes como inesperados.

    * Resúmen traducido por Fidel Jesús Quirós
    Por Onde Anda Makunaíma?, retrato da cultura modernista
    By Bruno Carmelo

    Às vezes, a crítica de cinema questiona os filmes documentais, sobretudo aqueles de vertente historicista, pela alternância protocolar entre depoimentos e imagens de arquivo. Não haveria maneira mais criativa de explorar a linguagem?, questiona-se, para escutar como resposta, em geral, que documentários são assim mesmo. Eles se focam no tema e nas entrevistas, ora – como poderiam ser diferentes? Por Onde Anda Makunaíma? (2020) contribui a aprofundar diálogos do tipo. O diretor Rodrigo Séllos também desempenha a função de editor do projeto cujo vigor provém especialmente da montagem. O autor trabalha com entrevistas e imagens de arquivo, mas também interstícios poéticos, fusão de sons e imagens não reincidentes, construções metafóricas, cenas espontâneas (o momento em que uma personagem sugere a entrevista com uma terceira) e cenas controladas (o convite para Paulo José e Joana Fomm reassistirem a Macunaíma, 1969, de Joaquim Pedro de Andrade, diante da câmera). Os recursos se retroalimentam de modo vertiginoso e antropofágico, em consonância com a obra de Mário de Andrade.

    A narrativa surpreende por jamais esgotar suas propostas narrativas, nem estéticas. Do início ao fim, são introduzidos novos elementos de comunicação entre Makunaíma, mito original das comunidades Makuxi, em Roraima, e Macunaíma, personagem literário e ícone de uma nação colonizada. Ora as fotos impressas são sobrepostas a paisagens em movimento, durante um passeio de barco, ora os stills do filme e da peça de teatro se transformam numa composição caleidoscópica. Em seguida, o livro tem suas folhas viradas pelo vento, solitário sobre um barco, enquanto gravações antigas são projetadas sobre os rostos dos atores. Nota-se a disposição juvenil em se reinventar, se ressignificar e se contradizer, como convém ao retrato da cultura modernista. Além disso, Séllos demonstra preocupação com o ritmo, equilibrando conversas e a contemplação silenciosa da natureza. Quando se conclui que as entrevistas seguirão o distanciamento impessoal, o diretor revela sua presença em cena, fazendo perguntas aos personagens. O espectador é provocado por estímulos tão coerentes quanto inesperados.

    Devido à multiplicação de recursos, é compreensível que alguns elementos funcionem melhor do que outros. O início não provoca as melhores impressões: frases no estilo de “Macunaíma é uma personagem importante do imaginário popular brasileiro" soam didáticas e simplificadas, ao passo que “É aí que começa a nossa história..." acena a uma explicação infantilizada, que o roteiro felizmente dispensa a seguir. Pascoal da Conceição, ator familiarizado com a trajetória de Mário de Andrade, oferece uma interpretação afetada do escritor, apostando em maneirismos que chamam atenção excessiva ao estilo, ao invés do conteúdo. Por volta de dois terços da narrativa, a montagem se acalma. Talvez o autor tenha considerado importante organizar as ideias sobre o clássico dos anos 1960 e a peça de teatro antes da conclusão, apesar dos fragmentos fornecidos até então. Neste instante, Por Onda Anda Makunaíma? torna-se mais convencional, além de excessivamente elogioso quanto a Mário de Andrade, Joaquim Pedro de Andrade, Grande Otelo e Paulo José. O termo "macunaímico" se repete sem se aprofundar. A configuração do filme-elogio (incumbindo-se da responsabilidade de não apenas refletir sobre o tema, mas frisar a qualidade deste) invade o discurso. A montagem, que havia evitado os blocos narrativos, dedica um segmento ao filme, e outro, à peça. A anarquia se contém.

    No entanto, estas viradas não comprometem os méritos do documentário. Séllos trabalha com excelente direção de fotografia, captação sonora e edição de som. Nenhuma entrevista relativiza eventuais deficiências estéticas pela importância das falas, ou seja, as cenas possuem méritos estéticos, éticos e discursivos em si. A multiplicidade de pontos de vista conecta a cultura oral e a escrita, a erudição e o conhecimento popular, a arte e a política. Menciona-se educadamente o governo Jair Bolsonaro e seu notório desprezo pelas culturas originárias, nestes “tempos vergonhosos de hoje”, segundo Cacá Carvalho. O cineasta nunca admira o passado (do país, da cultura indígena e do cinema) com nostalgia: o olhar está voltado aos laços entre a colonização e a contemporaneidade. Ao discursar sobre um livro de 1928 e um filme de 1969, o filme extrai reflexões pertinentes sobre o Brasil do século XX, em contraposição àquele do século XXI. Evita-se a armadilha da inevitabilidade histórica (“Enfrentamos estes problemas hoje porque outros ocorreram antes desse”), proporcionando um retrato multifacetado da nação. Não é fácil determinar o “tema” deste documentário o que, no caso, representa um elogio.

    A presença de Paulo José poderia gerar um bom debate. É claro que a presença do intérprete do filme original, disposto a revisitar as suas cenas, traz uma camada superior à discussão pela relevância do ator na história do cinema brasileiro. No entanto, a imagem de artistas debilitados desperta receios. Não se sugere que sejam escondidos, ou ignorados a partir do momento em que possuam limitações típicas da idade, ou decorrente de doenças, e sim que reflitamos sobre a imagem da imagem. Que efeito produz a entrevista com um ator brilhante, porém de fala dificultada? O questionamento também valia para as narrações de Domingos Oliveira, ou para os depoimentos de Ruth de Souza – estes dois últimos, falecidos – em produções recentes. É saudável ignorar o estado de saúde em que se encontram em nome do valor que aportam à obra? Ora, a forma implica em conteúdo, especialmente num filme sobre o tempo, e para um artista que trabalha, entre outros, com as palavras. Talvez o cinema ainda não tenha descoberto a ferramenta mais adequada para lidar com a mistura de respeito, reverência e desconforto face ao corpo que envelhece. Afinal, a perenidade das pessoas em oposição à eternidade de suas imagens constitui um tema central na representação cinematográfica, e o documentário trata de literalmente sobrepô-las, via projeção fantasmática. Neste caso, como não citar a morte, eterno tabu? Digressões à parte, a experiência de Por Onda Anda Makunaíma? jamais se limita a si mesma. A sessão expande o debate ao invés de encerrá-lo.

    Filme visto online no 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em dezembro de 2020.

    (Fuente: Papodecinema.com.br)


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